O Princípio da Corrente da Verdade
(“The Commencement to the Chain of Truth”)
Autor:
Thabo Mtetwa
Tradução:
Laura Difini Leite
Introdução
Muitos
no Adventismo não consideram a experiência passada do povo de Deus. Quando
lembram de sua história, dos primeiros conflitos das igrejas e do
desapontamento que eles experimentaram em 1844, eles se sentem envergonhados.
Parece estar em voga e ser moderno menosprezar a experiência daqueles que Deus
usou no início da obra e interpretar falsamente seus escritos e as passagens
das escrituras. Mas Deus guiou esses homens e mulheres numa experiência
verdadeira, e a eles foram comissionadas verdades cujas profundidades estão
sendo vagamente compreendidas hoje. Um desses pontos é o princípio da corrente
da verdade dada a Guilherme Miller. Nesse princípio, pode ser visto as três
mensagens angélicas e as fases da experiência cristã pela qual todos precisam
passar se quiserem ser salvos.
O
Princípio da Corrente da Verdade
O
Espírito de Profecia afirma que a Guilherme Miller foi dado o princípio da
corrente da verdade:
“Eu vi que Deus enviou seu
anjo para mover o coração de um fazendeiro que não acreditava na Bíblia, e
guiou-o a pesquisar as profecias. Anjos de Deus repetidamente visitaram aquele
escolhido, e guiaram sua mente, e abriram seu entendimento às profecias que
haviam estado obscuras outrora pelo povo de Deus. O princípio da corrente da
verdade foi dado a ele, e ele foi levado a pesquisar tópico sobre tópico, até
que ele olhasse a Palavra de Deus com encanto e admiração. Ele viu lá uma
perfeita corrente da verdade. Aquela Palavra, que ele tinha considerado como
não inspirada, agora abria-se ante seus olhos com beleza e glória. Ele viu que
uma porção das escrituras explicava a outra, e quando uma porção estava
obscurecida ao seu entendimento, ele encontrava em outra porção da Palavra sua
explicação. Ele considerou a palavra sagrada de Deus com alegria, e com o mais
profundo respeito e reverência”. (Spiritual Gifts vol. 1 pg. 128.1)
Guilherme
Miller nos diz que princípios ele recebeu:
“Através de um estudo
avançado das Escrituras, eu concluí que os sete tempos da supremacia dos
gentios deveriam começar quando os judeus cessassem de ser uma nação
independente na captura de Manassés, que os melhores cronologistas atribuem em
677 A.C.; que o início dos 2300 dias começam com as setenta semanas, que os
melhores cronologistas datam em 457 A.C.; e que os 1335 dias, começando com a
retirada do “contínuo” (diário) e com o estabelecimento da abominação
desoladora, Dan 12:11, seriam datados a partir do estabelecimento da supremacia
papal, após a retirada das abominações pagãs, e que, de acordo com os melhores
historiadores que eu pude consultar, deveria datar por volta de 508 D.C.
Computando todos esses períodos proféticos, a partir das várias datas
atribuídas pelos melhores cronologistas para os eventos que elas evidentemente
deveriam ser computadas, todas terminariam juntas, por volta de 1843
A.D....”(1845 WiM, WMAD 11.2).
O
princípio da corrente da verdade consiste de três componentes: 677 A.C., que é
o ponto inicial para os 2520 anos para o reino do sul de Judá; 457 A.C., que é
o ponto inicial para a profecia dos 2300 anos; e 508 D.C., que é o ponto
inicial para a remoção do Contínuo. Esses princípios são datas que apontam para
os eventos que marcam o começo de profecias de tempo importantes e de grande
fundamento. Essas profecias de tempo podem estar no passado, mas as verdades
que elas representam no tipo e na maneira paralela, são verdades presentes para
o fim dos tempos.
A
Experiência das Três Mensagens Angélicas
Cristo
disse o seguinte sobre a obra do Espírito Santo:
“E quando ele vier,
convencerá o mundo do pecado, da justiça
e do juízo”.
O Espírito Santo era para
guiar os discípulos e toda a geração vindoura de crentes a toda a verdade. Sua tripla
incumbência é convencer do pecado, da justiça e do juízo. Essas três coisas
representam a experiência das três mensagens angélicas. A primeira mensagem
angélica pede para que os homens “temam a Deus e dê-lhe glória porque é vinda a
hora do seu juízo...”(Ap 14:6-7). A primeira mensagem angélica traz uma
temerosa convicção do pecado a medida que o pecador vê os juízos traçados
contra aqueles que continuam em pecado e se deparam com o fato que, em sua
condição atual, não estão prontos a suportar o juízo.
A segunda
mensagem angélica é um chamado para sair da Babilônia. Na experiência do
segundo anjo, o crente manifesta justiça saindo de Babilônia e caminhando na
verdade pela fé. Babilônia, no fim do mundo, consiste de três partes:
catolicismo, protestantismo apostatado e espiritualismo. Mas é também a
incorporação do pecado, doutrina falsa, culto falso, orgulho e exaltação própria.
Orgulho e o desejo de exaltação própria são os princípios que atuaram na
rebelião de Lúcifer: “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como
foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!
E tu dizias no teu coração:
Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte
da congregação me assentarei, aos lados do norte.
Subirei sobre as alturas
das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.”Isa 14:12-14.
Exaltação
própria é também o princípio atuando em seus seguidores (veja Romanos 6:16; 2
Pedro 2:19-20). E é a antítese do princípio que atua nos seguidores do amor
abnegado encontrado em Cristo:
“De sorte que haja em vós o
mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
Que, sendo em forma de
Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
Mas esvaziou-se a si mesmo,
tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
E, achado na forma de
homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.”
Filipenses 2:5-8
Portanto, a
experiência de sair de Babilônia implica não só um afastamento dos ensinamentos
e filosofias de Babilônia, mas a morte do eu e uma nova vida estimulada pelo
princípio do amor abnegado de Cristo (João 12:24-26; Mateus 16:24).
As
Três Mensagens Angélicas e o Princípio da Corrente da Verdade
As três
mensagens angélicas não são simplesmente mensagens que devam ser espalhadas ao
mundo, mas uma experiência que todos que querem ser salvos devem ter. Essa
experiência é exemplificada nos princípios dados a Guilherme Miller que
representam a “perfeita corrente da verdade”.
O primeiro
princípio, 677 A.C., é o ponto de início para os 2520 anos de Judá. Os 2520
anos representam uma temerosa condenação do pecado, pois é um castigo por quebrar
a aliança de Deus (Levitico 26:23-33). A condição da aliança era a obediência
da lei de Deus (Exodo 19:5; Deuteronômio 7:9). O pecado é definido como a
quebra da lei de Deus (1 João 3:4). E quando o povo de Deus pecou por
desobedecer a sua lei (e portanto quebrar sua aliança), a condenação dos 2520
anos caíram sobre ele. Livramento dos 2520 também necessitava do reconhecimento
e confissão do pecado (Levitico 26:40-42; Daniel 9:1-16). Então, 677 A.C.
corresponde a primeira mensagem angélica cujo efeito é trazer uma temente
convicção do pecado.
O ano de 508 D.C. marca o ponto no qual o Contínuo, ou
paganismo, foi retirado para dar lugar ao Papado. O princípio que está por trás
do paganismo é aquele que está no centro de seu autor- exaltação própria. Isso
é exemplificado nos reinados sob o domínio de Satanás em Daniel 8. O carneiro
representando a Medo-Persa “se engrandecia”(verso 4). Grécia, que o segue, “se
engrandecia sobremaneira”, e o chifre pequeno, representando Roma em ambas as
suas formas pagã e papal, “se engrandeceu até contra o exército do céu” (versos
8-10).
Desde a queda e a entrada do pecado o homem tem se
submetido aos traços do caráter satânico (2 Pedro 2:19; Romanos 6:16). A
exaltação própria em nós, que é o próprio caráter de Satanás, deverá ser
removida, após nossa condição perdida e poluída pelo pecado. Precisamos passar
por uma transformação de caráter na qual nós morremos para o eu e vivemos para
Cristo. Devemos tirar nossas vestimentas de justiça própria e humildemente
colocar as vestimentas de Sua justiça; e caminhar com Ele pela fé até sua vinda
nas nuvens gloriosas. Essa experiência de justiça pela fé corresponde à remoção
do Contínuo e à segunda mensagem angélica para sair de Babilônia.
O terceiro princípio, o ano de 457 A.C., marca o início
da profecia dos 2300 anos, e os 2300 anos marcam o início do juízo
investigativo. No típico Dia da Expiação, aqueles que não afligiam suas almas, não
deixavam de lado os seus pecados, e não faziam paz com Deus, eram extirpados
(Levítico 23:29). Assim será conosco. Deus entrará em juízo conosco para ver se
temos nos purificados pela obediência da verdade e formado caráteres a
semelhança divina. Para que possamos estar em pé no julgamento trazido a tona
pelo terceiro anjo, teremos que ter tido uma experiência verdadeira nas duas
primeiras mensagens angélicas.
Dessa forma,
esse princípio (457 A.C.) corresponde à terceira mensagem angélica e à obra do
Espírito Santo de convencer do juízo. Portanto, pode ser visto que os
princípios dados a Guilherme Miller não são apenas profecias importantes; eles
representam as três mensagens angélicas e a experiência dessas mensagens que
todo o povo de Deus deve ter se quiser ser salvo.
Conclusão
Já que esses princípios tipificam as
três mensagens angélicas, a rejeição desses princípios é, na verdade, uma
rejeição das três mensagens. Esses princípios se encontram nos diagramas de
1843 e 1850 que retratam as três mensagens angélicas: as mensagens que foram
dadas de 1840 a 1844. Essas três mensagens não são apenas doutrinas, mas uma
experiência. Aqueles que rejeitam essas mensagens estão colocando o fundamento
de uma falsa experiência que vai finalmente levá-los a receber a marca da
besta.
A pena inspirada descreve estes princípios como a
perfeita corrente da verdade significando que eles não podem ser separados.
Quando um elo da corrente é
quebrado o objeto como um todo perde sua função de cumprir seu propósito. Do mesmo modo as
2520, 2300,1290 e 1335 profecias são todas interligadas e não se pode rejeitar
uma destas verdades sem destruir as outras.
As 3 mensagens angélicas são a plataforma da verdade sob
a qual nós ,como povo de Deus, temos que ser edificados se quisermos permanecer
firmes durante as tribulações dos últimos dias. As escrituras conectam aqueles
que estão edificando sob esta
plataforma com aqueles que constroem sua casa sobre a rocha: A Rocha Eterna.
Edificar a experiência religiosa de alguém sob qualquer outra coisa é um convite
ao naufrágio e a ruína.(Mt 7:26-27).
Que cada alma considere com
cuidado o tipo de fundação sobre a qual esta construindo.
1Você não pode entrar no céu com qualquer imperfeição ou
deformidade de caráter, e você precisa estar preparado para o céu nesse período
probatório. Se você quiser entrar na morada dos justos quando Cristo vier, você
deve ter o Espírito operante de Deus, para que você tenha uma experiência
individual, e ser completo Nele, que abunda no corpo da divindade. Através do poder da justiça de
Cristo, nós nos apartaremos de qualquer iniquidade. É necessário haver uma conecção
viva da alma com seu Redentor. O canal de comunicação deve estar aberto
continuamente entre o homem e seu Deus, para que a alma cresça em graça e
conhecimento do Senhor...{BEcho, Fevereiro I, 1892
par.4}
2
Deus tem uma lei, e esta é a grande norma da justiça- “Todo aquele que sob a
presunção da misericórdia de Deus pratica a iniquidade, será julgado segundo as
suas obras. Deus vos adverte para que vos aparteis de toda a iniquidade.
Tem-vos ordenado que resistais individualmente ao diabo, e não que o recebais como
hóspede honrado. Chegou o tempo em que Jerusalém está sendo sondada como quem
sonda com velas acesas. Deus está trabalhando na investigação do caráter,
pesando o valor moral e pronunciando decisões sobre casos individuais. Pode não
ser tarde demais para que os que pecaram sejam zelosos e se arrependam, “porque
a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém
se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”. Essa tristeza é de
espécie enganosa. Nenhuma virtude tem em si. Não há o senso do caráter agravado
do pecado, mas uma tristeza, um pesar de que o pecado tenha chegado ao
conhecimento de outro, e assim não se faz nenhuma confissão, a não ser no
reconhecimento das coisas assim reveladas e que não podem ser negadas. {TM 448.1}
3
Os pioneiros tinham a visão correta sobre o Contínuo- “Vi então em relação ao
“contínuo” (Daniel 8:12), que a palavra “sacrifício” foi suprida pela sabedoria
humana, e não pertence ao texto, e que o Senhor deu a visão correta àqueles a
quem deu o clamor da hora do juízo. Quando houve união, antes de 1844, quase
todos eram unânimes quanto à maneira correta de se entender o “contínuo”; mas
na confusão desde 1844, outras opiniões têm sido abrigadas, seguindo-se trevas
e confusão. O tempo não tem sido um teste desde 1844, e nunca mais o será. {PE 74.2}
Guilherme
Miller sobre o Contínuo- “Eu continuei lendo, e não pude achar outro lugar onde
ele (o Contínuo) era encontrado, a não ser em Daniel. então, (com o auxílio da concordância) eu
peguei aquelas palavras que estavam ligadas com ele, “tirado”, e tirarão o
sacrifício contínuo”; “e desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado”,
etc. Eu continuei a ler, e pensei que não encontraria luz no texto; finalmente,
cheguei em 2 Tes 2:7-8 “Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um
que agora o retém até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo,”
etc. E quando cheguei a esse texto, oh! Como a verdade parecia clara e
gloriosa! Lá está! Lá está “o Contínuo! “Bem, o que Paulo queria dizer com
“aquele que agora o retém”? O homem do pecado”, “o iníquo”, significa o papado.
Bem, o que impede ou detém o papado de ser revelado? É o paganismo; bem, então
“o Contínuo” deve ser o paganismo. Second
Advent Manual, p. 66. {1872 JNA, S23D 34.1}
4Veja
o artigo intitulado “Os Fundamentos do Adventismo do Sétimo Dia: http://pathofthejust.org/the-foundation-of-seventh-day-adventism/
5
“O aviso chegou: Nada deve perturbar o fundamento da
fé sobre o qual temos construindo desde que a mensagem veio em 1842, 1843 e
1844. Eu estava nessa mensagem e desde então eu tenho estado perante o mundo,
fiel à luz que Deus nos deu. Não nos propomos tirar os pés da plataforma em que
foram colocados dia-a-dia, quando procurávamos o Senhor com fervorosa oração,
buscando a luz. Você acha que eu poderia abandonar a luz que Deus me deu? Ela é
como a Rocha Eterna. Ela tem me guiado desde que me foi dada. Irmão e irmãs,
Deus vive, reina e opera hoje. Sua mão está sobre a roda, e em Sua providencia
Ele está virando a roda conforme Sua própria vontade. Que nenhum homem se
prenda à documentos que dizem o que devem fazer ou não. Que eles se fixem no
Senhor Deus do céu. Então a luz do céu brilhará no templo da alma e nós veremos
a salvação de Deus.” {The General
Conference Bulletin, Abril 6, 1903 par. 35}